domingo, 29 de maio de 2011

Ética da Alteridade

Diante dos diversos desafios educacionais muito tem se falado sobre a liberdade: é preciso educar e formar cidadãos livres e conscientes. Mas em que isto consiste? Bem sabemos que para se construir a liberdade exige-se uma série de requisitos, dentre os quais se destaca uma ética baseada na alteridade.
Ora, para o filósofo Emmanuel Lévinas, o princípio da ética da alteridade está determinado pelo respeito em relação ao diferente. Segundo o pedagogo Jorge Schemes[1] o rosto do outro nos convoca, nos interpela, nos convida e nos revela o seu infinito. Essa ética quebra os paradigmas tradicionais, como por exemplo, a do utilitarismo que tem como objetivo último os resultados a qualquer custo e que se expressa na conhecida sentença “os fins justificam os meios”.
É importante ter presente que cada rosto é diferente e ao mesmo tempo nos desperta para o sentido do respeito, da escuta e da responsabilidade. Neste contexto em que somos capazes de reconhecer o outro como plenamente diferente, tornamo-nos também capazes de revelar o nosso eu na relação de profundo encontro com o outro. 
Esta característica do encontro do eu com o Outro é imprescindível para despertar no professor o sentido da nova consciência educacional. Pois segundo Schemes “só acontecerá um verdadeiro aprendizado “quando o professor aprender a olhar o rosto de cada aluno e não apenas o diário de classe” (SCHEMES, 2007). Essa percepção profunda do outro acontece quando existe acolhida, respeito e compreensão. 
Desse modo, podemos afirmar que tanto a realidade do aluno como a do professor podem se expressar pelo mútuo conhecimento que ambos são capazes de estabelecer. Porque não basta querer transmitir conhecimentos vazios e sem sentido: é necessário saber fazer uma verdadeira ponte que possa ligar o contexto pessoal do aluno à sua realidade. Portanto, a ética da alteridade consiste em apreender o sentido e o infinito no rosto do Outro. Este é, sem dúvida, um desafio para todo educador, mas também estímulo para todo aquele que deseja se tornar um eterno aprendiz.

Elizete Moura



[1] SCHEMES, Jorge. Diálogo – Revista de Ensino Religioso nº 46 – Maio/2007, p. 35

Nenhum comentário:

Postar um comentário