sexta-feira, 17 de junho de 2011

Todos querem ser jovens?

Ousadia, protagonismo, dinamicidade, coragem entre tantas outras características da juventude fazem com que ao longo dos anos, boa parte da população tenha o desejo de ser jovem novamente. O vídeo “We All Want to Be Young” que em português lê-se “Nós todos queremos ser jovens”, faz um resgate histórico de como as juventudes vem fazendo história e mudando o contexto mundial com seu jeito de ser e estar na sociedade.


Muitas gerações já marcaram época, hoje são apresentadas como a Geração Y ou Jovens Millennials, segundo a Sociologia, pessoas que nasceram entre os anos 1980 e 2000. É uma geração rápida, influente formadora de opinião e com constante necessidade de informação.

Podemos refletir sobre a imensidão e o impacto desta geração no Brasil, como nos deparamos com algumas estatísticas. Segundo o IBOPE, 73,9 milhões de brasileiros tinham acesso à internet no quarto trimestre de 2010 e que ainda 52,8 milhões da totalidade de internautas acessam a web de sua residência.[1] Os jovens andam cada vez mais conectados, o IBGE aponta que o acesso à internet aconteceu de maneira mais rápida entre os jovens.

“De 10 a 14 anos de idade, o porcentual de usuários de internet subiu de 51,1% em 2008 para 58,8% do total de 2009. Entre os adolescentes de 15 a 17 anos, a fatia de usuários de internet no total cresceu de 62,9% para 71,1%. Já entre os jovens de 18 a 19 anos, a proporção de usuários de internet subiu de 59,7% para 68,7%, no mesmo período.”[2]

A mudança de tempo e a era das redes sociais

Um papo com um amigo me fez pensar que há 20 anos escrevíamos cartas para nossos familiares, amigos, namoradas e colegas de classe. Era algo místico, simbólico, demonstração de cuidado e carinho. Hoje escrevemos e-mails, posts, sms, twittamos, deixamos scraps, curtimos fotos, mensagens e por aí vai. Temos dificuldade de escrever grandes e-mails, não é mesmo? E as cartas? Bem as cartas, agora são em outros formatos, evoluíram, e que bom esta evolução, sinal de que o mundo encontra-se em constante mudança. Mudança de paradigma, transformação de horizontes e formas de ver o mundo. Vivemos em tempos de redes sociais como Orkut, Facebook, Twitter e tantas outras...

Podemos destacar o crescimento das redes sociais no Brasil, utilizando o site de relacionamento Facebook. Segundo pesquisa publicada no mês de maio deste ano, organizada pelo site Social Bakers, especialista em estatísticas, o Brasil é o país que mais se desenvolveu em quantidade de usuários no Facebook. São mais de 19 milhões de usuários que já integram a rede social mais popular do mundo. Só no mês de maio o crescimento de participação no país foi de 11%, cerca de 1,9 milhão de usuários registrados no mês.[3] São jovens conectados com um mundo que transcende a barreira física. Jovens ligados a redes sociais imensuráveis. Plugados a um mundo infinito de informações.

Paulo Cesar Carrano, afirma que as redes sociais são como expressões de identidades múltiplas.[4] Identidades estas que são mais plurais do que nunca. As diversas formas da juventude se expressar não estão somente nas praças, bares, baladas e sim nas comunidades, perfis, páginas, sites e outros tantos espaços virtuais.

As redes sociais tem feito uma verdadeira revolução na comunicação em todo mundo. É olhar como as empresas, ONGs e os próprios governos têm buscado o acesso e a relação por meio desta ferramenta comunicacional. A população tem realizado muitas ações por meio das redes, como por exemplo pelo Twitter, com pressões populares, campanhas, mobilizações, protestos. Com certeza é um verdadeiro espaço de democracia, onde você tem liberdade para expressar sua opinião e dialogar com uma infinidade de pessoas.

Um dos desafios é continuar caminhando em meio a esta rede que mesmo sem querer nos conecta e faz parte de nossa vida. O ser jovem é mais do que nunca presente em nosso ser. O desejo de ser jovem é constante e intenso. Vivamos a juventude. Vivamos o desejo de viver!

Joaquim Alberto Andrade Silva

[4] CARRANO, Paulo C. R. “A sociedade em redes” in. NOVAES, Regina; PORTO, Marta (orgs.) Juventude, cultura e cidadania. Rio de Janeiro: ISER, 2002

segunda-feira, 13 de junho de 2011

De olho na II Conferência Nacional de Juventude

III EJNP - Arte: G.C.R.

“Já podaram seus momentos, desviaram seu destino [...] Mas renova-se a esperança, nova aurora, cada dia. E há que se cuidar do broto pra que a vida nos dê flor e fruto”.

Milton Nascimento

Com o tema Juventude, desenvolvimento e efetivação de direitos, e com o lema Conquistar direitos, desenvolver o Brasil, a II Conferência Nacional de Políticas Públicas de Juventude (II CNJ) foi lançada oficialmente no passado dia 07 de junho e está prevista para acontecer de 09 a 12 de dezembro de 2011 em Brasília.

As atividades precedentes e o evento em si revestem-se de vital importância para o presente e o futuro das juventudes do Brasil, pois com a realização da II CNJ se pretende avançar no efetivo reconhecimento dos direitos das juventudes; na garantia de participação ativa destas no processo de discussão e elaboração de políticas públicas; na consolidação, articulação e integração das mesmas; e, consequentemente, no aproveitamento das potencialidades juvenis para o desenvolvimento do país.

O caminho rumo à plena cidadania juvenil já está sendo trilhado há tempos. A I CNJ, realizada em abril de 2008 e na qual houve grande envolvimento das bases de movimentos, grupos e organizações juvenis de todo o país, representou um marco histórico em todo esse processo e veio reforçar algumas bandeiras de luta erguidas havia tempo: o reconhecimento constitucional da juventude [1] (PEC 138/03), a aprovação do Estatuto da Juventude e a atualização do Plano Nacional da Juventude.

É necessário continuar com o pé no acelerador para que o carro dos direitos dos jovens continue sua marcha e chegue à meta desejada. Para isso, as ações mais oportunas a serem realizadas a partir de agora devem concentrar-se na busca de informações e de espaços que promovam a participação qualificada e bem representativa das diversas juventudes nas conferências livres, municipais e estaduais, conforme as indicações do próprio Regimento Interno da Conferência.

Além disso, é preciso estar atentos e unir-se aos movimentos nacionais que articulam a luta pela aprovação, em tempo oportuno, do Estatuto da Juventude e do novo Plano Nacional de Juventude.

Tomara que no final deste ano, em que celebramos por segunda ocasião o Ano Internacional da Juventude [2], possamos gritar e cantar com os jovens que acompanhamos: “Nossos direitos vem, nossos direitos vem! E se vem nossos direitos o Brasil ganha também!”.

Gustavo Covarrubias

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REFERÊNCIAS

CONSELHO Nacional de Juventude. Conheça o regimento da 2ª Conferência Nacional de Juventude. Disponível em: <http://www.juventude.gov.br/acontece/conheca-o-regimento-da-2%C2%AA-conferencia-nacional-de-juventude/>. Acesso em: 11 jun. 2011.



[1] A PEC (Proposta de Emenda Constitucional), aprovada no ano passado, assegura ao jovem entre 15 e 29 anos prioridade em direitos como saúde, alimentação, educação, lazer, profissionalização e cultura. Trata-se de direitos constitucionais já garantidos a crianças, adolescentes e idosos.
[2] Promulgado pela ONU em 18 de dezembro de 2011, o Ano Internacional da Juventude 2010-2011 tem como tema “Diálogo e entendimento mútuo” e como lema “O nosso ano, a nossa voz”.

Adolescência: outros olhares sobre convivência escolar

Arte gráfica: G.C.R.

A pesquisa e a reflexão parciais sobre adolescentes podem levar-nos a enxergar apenas os desafios que surgem da realidade da convivência dos adolescentes no ambiente escolar. Sem desconsiderar tais aspectos, que também são importantes, é preciso deter-se nas possibilidades de convivência, de harmonia, de solidariedade, de respeito, de vida que é possível vislumbrar no ambiente escolar com adolescentes a fim de ampliarmos o nosso olhar, qualificar ainda mais as nossas percepções.

Para enxergar e trilhar tal caminho, faz-se necessário reeducar a ótica do nosso olhar sobre os adolescentes; retirar as traves que impedem de enxergar a beleza e riqueza existentes nessa fase da vida; desfazer antigas rotas de situações em que foram vistos apenas as mazelas ditas e realizadas pelos adolescentes nas escolas; reconsiderar, refletir e transformar as ideias pré-concebidas e repassadas como verdades pela grande maioria dos professores e funcionários das instituições escolares.

Eis o que diz Mário Sérgio Cortella sobre a educação do nosso olhar:

É imprescindível não recusar o encontro com a admirável presença de um mistério que ultrapassa a mim mesmo, minha vida e este próprio mundo, mas do qual, surpreendentemente, me percebo nele e dele participo. E, mais ainda, sei e sinto não estar sozinho. Afinal, ser humano é ser junto. (2004, p.17)


Ora, para possibilitar esse encontro é preciso mergulhar no oceano do contexto escolar, deixando-se levar pelo olhar da humildade que nos faz ver nos adolescentes a presença de valores que nem sempre vivenciamos, mesmo tendo a pretensão de acharmos que sabermos tudo da vida.

Não se faz necessário uma análise complexa e total para serem constatadas situações em que os adolescentes dão um “show” de exemplos de superação dos desafios, de pequenos e grandes gestos de solidariedade, de acolhimento, de perdão, de responsabilidade, de tolerância, de respeito. Infelizmente, para este tipo de “show” não há espaço na mídia e nem mesmo nos discursos e conversas.

Talvez seja a correria do dia-a-dia que provoca uma deficiência no olhar e impede de ver gestos simples e corriqueiros, mas que são profundamente ricos de significado e de vida. Deveria chamar à atenção dos educadores a maneira respeitosa e acolhedora, com que alunos de 6º ao 9º anos se comportam enquanto são apresentados trabalhos numa área aberta de certa escola.

Sim, deveria chamar à atenção dos adultos da escola a capacidade dos alunos adolescentes serem sensíveis às dores físicas ou emocionais dos seus colegas, sobretudo quando eles abrem mão de um momento tão precioso, como o intervalo, para mostrar a sua solidariedade.

Por que não chama a atenção dos professores o fato de alguns alunos abrirem mão das suas ideias e propostas (também interessantes e possíveis de serem realizadas) e passam a aceitar como melhores e mais viáveis as ideias dos professores após um diálogo numa sala de aula? Deveria surpreender a capacidade de diálogo.

E o que dizer de algumas campanhas de solidariedade que são promovidas entre os alunos? Diga-se de passagem, em muitos casos, quem menos tem é quem mais quer dar. Mesmo quem não tem condições de oferecer coisas materiais em grande quantidade, dá o pouco que tem e também doa o seu tempo para ajudar a organizar as doações com disposição, prazer e alegria.

Do ponto de vista humanizador, defende-se a adolescência como o começo de um despertar para um mundo novo onde é possível ser ator/atriz principal da própria vida e, consequentemente, adquirir a capacidade de poder mudar a história. Por isso, como diz Paulo Freire (2002), “a prática educativa é tudo isso: afetividade, alegria, capacidade científica, domínio técnico a serviço da mudança ou, lamentavelmente, da permanência do hoje”.

Nessa mesma linha de raciocínio, na Revista Diálogo (2005, p.38), a autora do artigo Educando Corações e Mentes, cita Laez Barbosa Fonseca, que formula uma rica e singela conceituação de valores: “Valores são luzes que orientam as pessoas. São referenciais de vida humana. Ser pessoa significa conduzir a própria vida”. Por isso, é de suma importância o papel do educador nesse processo de humanização. Contudo, não se deve perder de vista os valores que o adolescente já traz consigo.

Conviver e trabalhar com adolescentes me leva a buscar, cada vez mais, entendê-los, compreendê-los e, sobretudo, colaborar no projeto de transmitir alegria, paz, entusiasmo, educação, igualdade de direitos, justiça, respeito, soma das diferenças individuais... Além de denunciar tudo o que impede o percurso dinâmico da vida.

Laugrinei Pereira
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Referências
CORTELLA, Mário Sérgio. A transcendência se mostra... Educamos nosso olhar? Diálogo, São Paulo, n.34, p.14-17, Mai. 2004.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. 30ª. ed., São Paulo: Paz e Terra, 2002
SILVA, Yvone Maria de Campos Teixeira da. Educando corações e mentes. Diálogo, São Paulo, n.37, p.38-41, Fev. 2005.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Estudantes da Especialização em Adolescência e Juventude da Universidade Católica de Brasília lançam blogs

Salve, salve gente querida, boa tarde!

É uma grande alegria divulgar que os alunos da Especialização em Adolescência e Juventude da Universidade Católica de Brasília - UCB, desenvolveram a partir da proposta da disciplina de "Adolescência, Juventude, Comunicação e Linguagem", quatro blogs que estarão ao longo da disciplina e do próprio curso publicando conteúdos sobre a realidade juvenil.

Convido você a clicar nos links abaixo, dar uma olhada nos conteúdos, deixar recados, interagir com o grupo de alunos (do qual sou integrante).

Contamos com a sua participação e contribuição na divulgação!


juventudeevocacao.blogspot.com

juventudeapalavra.blogspot.com

Continuemos em unidade para que a juventude tenha mais vida e vida em abundância!

Forte abraço,
Joaquim Alberto Andrade Silva

quarta-feira, 8 de junho de 2011

terça-feira, 31 de maio de 2011

Adolescência: trilhas, descobertas e o desafio de travessia



A adolescência pode ser considerada uma etapa surpreendente e maravilhosa da vida. Contudo, há muitos adultos que insistem em chamá-la de “aborrescência”.  Será? Não será mais bem que os “aborrescentes” são aqueles que desconhecem ou fazem desconsiderar as características normais dessa fase da vida? Eis o que diz Sampaio com respeito a esse assunto:

O próprio sentido do devir, da novidade, sempre se fez acompanhar de medo e de alguma resistência a esses movimentos de mudança. O mudar exige a capacidade de reelaborar sentimentos internos e reorganizar uma nova relação com os outros. É o desafio que a aventura da adolescência impõe ao adolescente e também às famílias! (Sampaio 1993)

Por isso, do ponto de vista humanizador, é preciso defender o começo de um despertar para um mundo novo, onde é possível ser ator/atriz principal da própria vida e, consequentemente, adquirir a capacidade de poder mudar a história.

Na adolescência, a coexistência de dois sentimentos que se defrontam, gera certa inquietação nos adolescentes: autonomia/dependência, crescer/regredir...

Também nessa fase ocorrem pelo menos três fenômenos importantes do desenvolvimento humano: do ponto de vista biológico, a puberdade, com o amadurecimento sexual e da capacidade reprodutora; do ponto de vista social, a passagem da infância para a vida adulta, com a aquisição de papéis adultos e também a conquista da autonomia em relação aos pais; e, do ponto de vista psicológico, a estruturação de uma identidade definitiva para a subjetividade, onde é possível definir o seu projeto de vida.

Adolescer, crescer, implica em autonomia e também em novas responsabilidades, que antes não eram vivenciadas pela criança. E, se existe algo que deixa os adolescentes indignados é justamente a negação dos pais quanto ao crescimento de seus filhos. Muitas vezes, os filhos estão na adolescência e continuam sendo tratados como crianças. Aí está uma prova da não aceitação da aquisição de mais autonomia do adolescente.

O relato de um adolescente de 16 anos, a seguir, expressa essa realidade sentida por outros adolescentes:

Às vezes penso que ser adolescente é uma das coisas mais difíceis do mundo, pois a gente tem que provar que existe, que tem pensamento, que tem sonho e que é capaz de realizá-los. E quando vacila, comete um erro, caem em cima da gente com tudo. Adulto que é que adulto erra porque é humano, mas adolescente não é humano. Adolescente erra porque é aborrescente... 
                                                              Adolescente de 16 anos.
As diversas experiências da criança (escola, amizades, grupos esportivos, religiosos etc.) e o seu amadurecimento vão gradativamente ampliando o horizonte de suas relações que, em articulação com as práticas de criação familiares, irão configurar as condições em que vivenciará o processo central da adolescência: emancipação em relação à família, construção de autonomia pessoal, interiorização das pautas culturais e de valores, que tendem a ser conservados ao longo da vida (Fierro, 1995, p. 299).

Neste momento, ganham importância os amigos, a "turma", instância de identificação, troca, novas alternativas e aceitação sem reservas. Importante apontar que as relações conflituosas que por vezes se estabelecem na família envolvem adolescentes e pais. Estes últimos, também experimentam situações que podem dificultar a compreensão do que se passa com o adolescente. Entram em cena tanto as repercussões da própria adolescência dos pais, quanto os que vivem no momento atual, com a proximidade da meia-idade e consequentes reflexões acerca dos sonhos realizados ou frustrados.

Mas, esta fase não é feita só de perdas e de conflitos. Muito pelo contrário. Alegria, disposição, vontade de mudar o mundo... Nunca uma pessoa terá tanta energia para criar, se divertir e questionar o mundo quanto na adolescência. Um novo mundo se abre e inúmeras possibilidades se abrem à sua frente!


Laugrinei Pereira B. da Anunciação
 
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Referências:

FIERRO, Alfredo. Relações sociais na adolescência. In: COLL, César; PALÁCIOS, Jesús; MARCHESI, Álvaro (orgs.). Desenvolvimento psicológico e educação: Psicologia evolutiva. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. v.1. p. 299-305.

SAMPAIO, Daniel. Vozes e Ruídos. Lisboa: Editorial Caminho, 1993.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Comunicação na sociedade pós-moderna

“A comunicação é o meio de expressão de nossas vivências, um mecanismo básico para o estabelecimento de relações interpessoais e a proposição de valores.” (ALMEIDA, 2010. p. 115)

A ação de comunicar pode ser comparada com a de respirar (SANTOS, 2003. p. 9). A todo o momento as pessoas estão se comunicando, porém, nem sempre nos damos conta disso. Utilizamos a comunicação para apresentar ideias, sentimentos, persuadir, evangelizar, controlar, contar histórias. Ela está sempre presente na relação entre as pessoas.

Nos dias atuais vemos esta comunicação acontecer cada vez mais de forma diferente, de anos atrás. Deparamo-nos com mudanças constantes e rápidas de maneiras de interação e diálogo, principalmente no meio virtual. Com o advento da Internet a comunicação do ser humano mudou, na atualidade, tem mudado como nunca. São tantas formas, que é difícil de acompanhar o processo de atualização e conexão da comunicação virtual.

Podemos nos questionar de qual é a influência da mídia, da comunicação nas transformações sociais que acontecem em todos os cantos no mundo?

Os avanços tecnológicos fizeram com que a mídia avançasse de forma intensa e inovadora. Foi-se o tempo de que o único meio de informação diária era jornal, rádio ou televisão. Hoje recebemos a informação segundos após o acontecimento, seja por e-mail, em sites, ou de forma mais simples e instantânea, nas redes sociais.

Redes sociais que revolucionaram e ainda estão revolucionando a forma de fazer comunicação. Haja vista, a tendência empresarial de entrar neste ramo da comunicação virtual, tentando garantir o contato com seu público e atingir novos campos.

Podemos descrever que hoje estamos vivendo em uma “teia”, onde todos os meios de comunicação, antigos e novos, estão interligados. Teia esta que apresenta os inúmeros desafios da cultura midiática, com uma comunicação capaz de articular a sociedade e determinar culturas e comportamentos. Habitamos em uma comunidade global, conectada, plugada, seguindo e sendo seguida. Todos estão passíveis ao contato e imersos no mundo das redes, teias e espaços virtuais. (ALMEIDA, 2010. p. 109)

Diante do exposto, pode-se reafirmar a perspectiva apresentada no Documento 85 da CNBB, a respeito da cultura moderna e sua relação com a cultura pós-moderna:

“Nas últimas décadas, ao lado da cultura moderna vem-se fortalecendo a cultura pós-moderna. A pós-modernidade não é uma nova cultura que se contrapõe de modo frontal à modernidade. Constatam-se mudanças no cenário, grande velocidade e volume da informação, rapidez na mudança do cotidiano por parte da tecnologia, novos códigos e comportamentos. Devido à globalização e ao poder de comunicação dos meios eletrônicos, essas mudanças vêm penetrando fortemente no meio juvenil.” (CNBB. Evangelização da juventude, 2007. n. 12)

O meio juvenil, que hoje pode ser caracterizado por adolescentes e jovens, está cada vez mais inserido no contexto globalizado apresentado pela sociedade. Inserido nas tendências alienadoras de consumo desenfreado e desvalorizador dos valores humanos, éticos e morais. Quantos exemplos poderíamos relacionar e que fazem parte da grade de programação da televisão aberta, de sites e outros meios. São reality-shows dos mais variados tipos e programas que exaltam a violência e colocam o ser humano como objeto de consumo, desvalorizando-o como pessoa.

Joaquim Alberto Andrade Silva

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Referências:

ALMEIDA, João Carlos. Imagem & semelhança de Deus na mídia. São Paulo; Loyola, 2010. p. 115

CNBB. Evangelização da juventude: Desafios e perspectivas pastorais. Documentos da CNBB – 85. Brasília: Edições CNBB, 2007. n. 176.

SANTOS, Roberto Elísio dos. As teorias da comunicação: da fala à internet. São Paulo: Paulinas, 2003. p. 9

Jovens e Mídia: Davi versus Golias?

David vs Goliath. In: www.jeffooi.com

Hoje muitos educadores se deparam com a crucial e inevitável tarefa pedagógica de ajudar os adolescentes e jovens que eles acompanham a identificarem os mecanismos de persuasão da mídia, de tal maneira que os mesmos aprendam a fazer escolhas livres e conscientes diante do enorme fluxo de informações que circula através dos diversos meios de comunicação.

Muitos desses educadores preferem “jogar a toalha” antes de tempo, assumindo a priori posturas derrotistas diante dessa espécie de “bicho-papão” e apelando para justificativas como estas: a indústria cultural que sustenta em grande parte as estratégias e as políticas informativas dos grandes meios de comunicação “impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidirem conscientemente”. (ADORNO, 1985 apud CAMACHO, 2010, p.44).

Contudo, reconhecendo que enfrentar o efeito “perverso” e alienador da mídia manipuladora e persuasiva representa quase que botar novamente na areia o pequeno Davi para que encare desproporcionalmente ao gigante Golias, é preciso ressaltar que “a emancipação das audiências, através de sua formação crítica e da diversificação da oferta midiática com a qual interagem, são, como a democracia, objetivos sempre atingíveis” (OROZCO, 1997 apud CAMACHO, 2010, p. 6, tradução nossa).

Márcio Gomes Camacho, em sua dissertação de Mestrado em Comunicação e Mercado, “Os jovens e a mídia: a formação crítica da Pastoral da Juventude”, indo além de uma visão pessimista dos meios de comunicação e acentuando a importância de fazer sempre a ponte entre virtualidade e realidade, reconhece que “a ‘experiência’ é, para os indivíduos, a chave da compreensão a respeito do que está se passando no mundo. Não basta mais apenas “saber” intelectualmente, racionalmente. A saturação de informações pela escrita, imagens e sons, sugere a experiência. O cotidiano, assim, nesse alucinante ritmo de vida, passa a ter uma importância de significações, compreensões, uma espécie de ‘laboratório’”[1].

Destarte, o desafio da emancipação de adolescentes e jovens face à Babel midiática exige, necessariamente, favorecer a sua inserção num processo teórico – prático de formação da consciência crítica.

Isso significa que, além de ajudar os adolescentes e jovens a desvendarem os mecanismos ideológicos (políticos e, sobretudo, culturais) da produção das informações, necessitamos promover a qualificação das mediações (grupos de relações, redes, tribos, condição social, etc.) nas quais eles se apoiam e os espaços educativos formais e informais em que eles convivem cotidianamente (escola, grupos de pertença, igrejas, etc.), ajudando-os a recriarem as informações recebidas e capacitando-os tecnicamente para que eles se tornem "produtores dos seus próprios meios de comunicação, ainda que muitas vezes estes sejam considerados "alternativos": informativos, sites e blogs da internet, rádios comunitárias, entre outros.

Gustavo Covarrubias


[1] CAMACHO, Márcio Gomes. Os jovens e a mídia: a formação crítica da pastoral da juventude. Faculdade Casper Líbero. Dissertação de Mestrado em Comunicação Social. São Paulo: 2010, pp. 53-54.

domingo, 29 de maio de 2011

Ética da Alteridade

Diante dos diversos desafios educacionais muito tem se falado sobre a liberdade: é preciso educar e formar cidadãos livres e conscientes. Mas em que isto consiste? Bem sabemos que para se construir a liberdade exige-se uma série de requisitos, dentre os quais se destaca uma ética baseada na alteridade.
Ora, para o filósofo Emmanuel Lévinas, o princípio da ética da alteridade está determinado pelo respeito em relação ao diferente. Segundo o pedagogo Jorge Schemes[1] o rosto do outro nos convoca, nos interpela, nos convida e nos revela o seu infinito. Essa ética quebra os paradigmas tradicionais, como por exemplo, a do utilitarismo que tem como objetivo último os resultados a qualquer custo e que se expressa na conhecida sentença “os fins justificam os meios”.
É importante ter presente que cada rosto é diferente e ao mesmo tempo nos desperta para o sentido do respeito, da escuta e da responsabilidade. Neste contexto em que somos capazes de reconhecer o outro como plenamente diferente, tornamo-nos também capazes de revelar o nosso eu na relação de profundo encontro com o outro. 
Esta característica do encontro do eu com o Outro é imprescindível para despertar no professor o sentido da nova consciência educacional. Pois segundo Schemes “só acontecerá um verdadeiro aprendizado “quando o professor aprender a olhar o rosto de cada aluno e não apenas o diário de classe” (SCHEMES, 2007). Essa percepção profunda do outro acontece quando existe acolhida, respeito e compreensão. 
Desse modo, podemos afirmar que tanto a realidade do aluno como a do professor podem se expressar pelo mútuo conhecimento que ambos são capazes de estabelecer. Porque não basta querer transmitir conhecimentos vazios e sem sentido: é necessário saber fazer uma verdadeira ponte que possa ligar o contexto pessoal do aluno à sua realidade. Portanto, a ética da alteridade consiste em apreender o sentido e o infinito no rosto do Outro. Este é, sem dúvida, um desafio para todo educador, mas também estímulo para todo aquele que deseja se tornar um eterno aprendiz.

Elizete Moura



[1] SCHEMES, Jorge. Diálogo – Revista de Ensino Religioso nº 46 – Maio/2007, p. 35

sábado, 28 de maio de 2011

A juventude no areópago digital


O 45º Dia Mundial da Comunicação, comemorado no dia 5 de junho de 2011, enfoca decididamente a potencialidade dos meios tecnológicos rumo ao anúncio da verdade e autenticidade de vida na era digital.  
A mensagem do Papa Bento XVI, por ocasião deste dia, ressalta a visibilidade dos jovens no areópago digital “dos chamados social network”.
A maior preocupação e as maiores oportunidades com respeito ao uso dos espaços digitais se encontram na capacidade de viver autenticamente os valores humanos e cristãos.
Diante disso, os jovens podem ser os mais diretamente envolvidos neste dinamismo por experimentarem as reais mudanças no modo de viver as novas relações de amizade. E porque o entusiasmo juvenil e a busca de novos horizontes desafiam os jovens a viver de forma consciente os caminhos que as tecnologias lhes permitem percorrer.
Segundo o Papa Bento XVI, os jovens são os principais protagonistas desses espaços virtuais, por isso os lança num desafio de propor relações autênticas, verdadeiras e que tenham como finalidade a fidelidade a si mesmo e aos outros. “Quem é o meu ‘próximo’ neste mundo? Temos tempo para refletir criticamente sobre as nossas opções e alimentar relações humanas que sejam verdadeiramente profundas e duradouras? [1] 
Certamente o modo de ser e de viver a “verdade, o anúncio e a autenticidade de vida, na era digital” é um compromisso de todos. Para isso, faz-se necessário assumir uma postura crítica e reflexiva diante dos meios de comunicação que envolva, sobretudo, a juventude como esse canal propício para uma vivência mais profunda da fé, da esperança e da caridade no imenso areópago digital.

Elizete Moura


[1] BENTO, Papa XVI. Mensagem para o 4º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Editoras: CNBB e Paulinas. São Paulo, 2011.