David vs Goliath. In: www.jeffooi.com |
Muitos desses educadores preferem “jogar a toalha” antes de tempo, assumindo a priori posturas derrotistas diante dessa espécie de “bicho-papão” e apelando para justificativas como estas: a indústria cultural que sustenta em grande parte as estratégias e as políticas informativas dos grandes meios de comunicação “impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidirem conscientemente”. (ADORNO, 1985 apud CAMACHO, 2010, p.44).
Contudo, reconhecendo que enfrentar o efeito “perverso” e alienador da mídia manipuladora e persuasiva representa quase que botar novamente na areia o pequeno Davi para que encare desproporcionalmente ao gigante Golias, é preciso ressaltar que “a emancipação das audiências, através de sua formação crítica e da diversificação da oferta midiática com a qual interagem, são, como a democracia, objetivos sempre atingíveis” (OROZCO, 1997 apud CAMACHO, 2010, p. 6, tradução nossa).
Márcio Gomes Camacho, em sua dissertação de Mestrado em Comunicação e Mercado, “Os jovens e a mídia: a formação crítica da Pastoral da Juventude”, indo além de uma visão pessimista dos meios de comunicação e acentuando a importância de fazer sempre a ponte entre virtualidade e realidade, reconhece que “a ‘experiência’ é, para os indivíduos, a chave da compreensão a respeito do que está se passando no mundo. Não basta mais apenas “saber” intelectualmente, racionalmente. A saturação de informações pela escrita, imagens e sons, sugere a experiência. O cotidiano, assim, nesse alucinante ritmo de vida, passa a ter uma importância de significações, compreensões, uma espécie de ‘laboratório’”[1].
Destarte, o desafio da emancipação de adolescentes e jovens face à Babel midiática exige, necessariamente, favorecer a sua inserção num processo teórico – prático de formação da consciência crítica.
Isso significa que, além de ajudar os adolescentes e jovens a desvendarem os mecanismos ideológicos (políticos e, sobretudo, culturais) da produção das informações, necessitamos promover a qualificação das mediações (grupos de relações, redes, tribos, condição social, etc.) nas quais eles se apoiam e os espaços educativos formais e informais em que eles convivem cotidianamente (escola, grupos de pertença, igrejas, etc.), ajudando-os a recriarem as informações recebidas e capacitando-os tecnicamente para que eles se tornem "produtores dos seus próprios meios de comunicação, ainda que muitas vezes estes sejam considerados "alternativos": informativos, sites e blogs da internet, rádios comunitárias, entre outros.
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